As tensões comerciais entre Estados Unidos e China voltaram a abalar os mercados tradicionais e de criptomoedas nesta quarta-feira (16). Na última terça-feira (15), o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, assinou uma Ordem Executiva que, aumenta as tarifas sobre produtos chineses para os EUA para 245%. 

A medida impactou diretamente as ações da Nvidia (NVDC34)(NVDA), uma das principais fabricantes de chips do mundo. A companhia registrou queda de até 8% no pós-mercado, após o anúncio de uma possível perda de US$ 5,5 bilhões em receita devido a novas restrições de exportação para a China.

Tarifas de Trump causam quedas no setor de criptomoedas 

O Bitcoin (BTC), principal criptomoeda do mercado, recuou 2,4% e voltou a ser negociado em US$ 83mil, enquanto altcoins como Solana (SOL) e Cardano (ADA) lideraram as perdas, com quedas de 5,7% e 4,9%, respectivamente. O mercado cripto como um todo retraiu 2,59%, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Além disso, o Ethereum (ETH) também registrou quedas, com desvalorização de 4,66% nas últimas 24 horas a R$ 1,57 mil. 

Ouro ainda é principal reserva de valor 

Conforme analistas da QCP Capital, o ouro voltou a ser a principal reserva de valor neste momento de incertezas. Porém, o Bitcoin ainda não assumiu esse papel, mesmo com a narrativa de porto seguro digital sendo defendida pelos investidores do setor. 

"Ao contrário do ouro, o BTC não conquistou uma posição de refúgio seguro. A narrativa de 'reserva de valor alternativa' não está ganhando força no atual regime macroeconômico", afirmaram os analistas da QCP Capital. 

Expectativas sobre decisões do Federal Reserve 

No entanto, o setor ainda pode mudar nesta quarta-feira. Investidores aguardam com atenção o discurso do presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA - Fed), Jerome Powell, no Clube Econômico de Chicago. A fala pode esclarecer os próximos passos da política monetária norte-americana. 

Ainda hoje, também será divulgado o relatório dos estoques das empresas de fevereiro dos EUA referente a março — outro indicador importante para as projeções econômicas. 

A Méliuz (CASH3), conhecida por seu serviço de cashback, irá inovar no modelo de negócios ao considerar oficialmente o Bitcoin (BTC) como ativo estratégico. A empresa brasileira, listada na B3, convocou seus acionistas para uma Assembleia Geral Extraordinária para alterar seu objeto social e permitir novos investimentos em criptomoedas.

Divulgada em memorando na terça-feira (14), a iniciativa é pioneira no mercado brasileiro. Se aprovada, transformará o Bitcoin parte importante da estratégia corporativa da Méliuz. 

“Nosso objetivo é fomentar a geração incremental de bitcoin para os nossos acionistas, seja por meio da geração de caixa operacional ou de iniciativas financeiras e estratégicas”, informou a Méliuz.

Nesta quarta-feira (16), as ações da Méliuz (CASH3) são negociadas em alta de 6,23% a R$ 4,05. Já o Bitcoin é cotado em US$ 83,7 mil com quedas de 2,37% nas últimas 24 horas. 

Inspiração na Strategy

A medida é parecida com a tomada pela Strategy, antiga MicroStrategy, liderada por Michael Saylor. Atualmente, a empresa é a maior detentora corporativa da criptomoeda. 

A companhia norte-americana começou a investir em Bitcoin em 2020, acumulando hoje mais de 531 mil BTC, cerca de US$ 35,9 bilhões em valor atual. Esse posicionamento fez sua capitalização de mercado saltar de US$ 500 milhões para US$ 83 bilhões em cinco anos.

 
Méliuz irá comprar Bitcoin? 

A iniciativa foi batizada de “Estratégia” e visa não apenas ampliar as reservas de Bitcoin no tesouro da empresa, mas também gerar valor adicional aos acionistas. Isso poderá ocorrer por meio de operações financeiras, geração de caixa operacional e outras iniciativas atreladas ao desempenho da criptomoeda.

Em março deste ano, o Méliuz já havia anunciado a aquisição de 45,72 BTC por US$ 4,1 milhões, com preço médio de US$ 90.296 por unidade. 

Segundo o memorando, essa mudança não afetará o modelo de negócios principal da Méliuz, que continuará focado em serviços de cashback. No entanto, a geração de caixa a partir dessas operações será fundamental para sustentar a compra contínua de Bitcoin.