O reconhecimento das Americanas na última terça-feira (14) de que houve fraude em balanço divulgado no início do ano colocou as Americanas novamente sob os holofotes do mercado financeiro. Para analistas ligados ao setor de tecnologia, como Antonio Hoffert, sócio-fundador da H3aven, a adoção da tecnologia blockchain poderia ter evitado que as inconsistências contábeis da companhia fossem executadas.
Hoffert explica que, por meio do blockchain, é possível blindar as informações de balanço contábil com segurança, para que se tornem auditáveis em tempo real, sem necessidade de auditorias externas, que recentemente estão se mostrando ineficazes para proteger investidores.
“Escândalos empresariais recentes comprovam esse problema de agência das auditorias, que recebem seus pagamentos dos próprios objetos de análise. Isso afeta grandes empresas mundo afora e contamina segmentos inteiros”, avalia Hoffert .
Ele lembra que as Americanas tiveram uma nota alta em “governança corporativa e alta gestão” no Índice de Desenvolvimento Sustentável da B3, publicado ainda no começo do ano, antes da explosão da crise contábil que tomou os noticiários e pegou o mercado financeiro de surpresa — a holding brasileira recebeu nada menos que 91,79 pontos de um total de 100, o que garantia seu lugar entre as vinte empresas mais sustentáveis do país.
“Em um cenário de interesses conflitantes, como na miscelânea contábil da Americanas, a excelente avaliação de governança como prelúdio de um revés contábil, digno de associação com o episódio do Lehman Brothers, parece um problema até então sem solução, fadado a se repetir inúmeras vezes. Porém, a minha visão é diferente: entendo que a tecnologia blockchain permite a criação de uma camada de confiança capaz de armazenar consensos entre clientes e fornecedores a fim de garantir uma inequivocabilidade e impossibilitar a fraude”, ressalta.