Servir a comunidade cypherpunk pode se revelar uma tarefa complexa, como Pascal Gauthier, CEO da Ledger, descobriu no início deste ano. O líder da fabricante de carteiras de hardware, um visionário francês que ostenta mais anéis do que dedos, enfrentou um desafio considerável quando a empresa sediada em Paris lançou um serviço destinado a auxiliar os usuários na recuperação de suas chaves privadas.
O serviço em questão propunha dividir frases em três fragmentos compartilhados entre Ledger e duas outras empresas de segurança, CoinCover e EscrowTech, visando oferecer uma solução de recuperação mais robusta. No entanto, para muitos clientes da Ledger, que valorizam a autonomia, essa iniciativa gerou um alarme significativo. A principal preocupação que ecoou foi se as chaves privadas poderiam ser recompostas e entregues em resposta a intimações governamentais.
Em uma entrevista recente ao The Block, Pascal Gauthier revelou: que foi "vaiado no Bitcoin Miami. Foi um dia depois do lançamento do Ledger Recover, e eu tinha certeza de que ele estava me vaiando por isso." Surpreendentemente, o membro do público em questão, um cliente fiel da Ledger, estava mais preocupado com a ausência de uma carteira exclusiva para Bitcoin, uma questão que vem irritando alguns usuários desde 2017, segundo Gauthier.
Em uma tentativa de conter os danos, a Ledger decidiu adiar a data de lançamento inicial do serviço. O CTO da empresa, Charles Guillemet, na época, afirmou que a percepção sobre a segurança do produto era aceitável. Gauthier também enfatizou que a possibilidade de intimações governamentais não deve ser uma preocupação para o usuário médio e o serviço de recuperação seria completamente opcional. Além disso, a empresa anunciou planos de abrir o código-fonte do roteiro de produtos, bem como do protocolo Ledger Recover.
Informações obtidas pelo The Block.