Os cortes abrangentes implementados pela corretora de criptomoedas Binance tiveram um impacto significativo em suas operações no Brasil. Duas pessoas que foram demitidas e preferem não revelar as identidades conversaram com o Portal do Bitcoin sobre toda a situação.
Esses ex-funcionários relataram que o clima da empresa era de pressão, angústia e casos de Síndrome de Burnout. Na equipe de marketing, o número de funcionários foi drasticamente reduzido de sete para apenas três pessoas. Similarmente, no departamento de atendimento ao cliente, os cortes ocorreram de forma contínua, com a equipe sendo reduzida pela metade em relação aos números anteriores.
De acordo com os relatos, o ambiente de trabalho se tornou pior nos últimos meses, com a pressão constante por adquirir novos clientes. “Nos últimos meses, a pressão estava muito grande e ninguém estava aguentando. Sempre, sempre a pressão era por novos usuários”, relatou um dos ex-funcionários.
Um das pessoas relatou que o novo líder da empresa no Brasil, Guilherme Haddad, “só demitiu mulheres e contratou homens no lugar”. Além disso, não houve um aviso sobre os desligamentos, logo os funcionários foram pegos de surpresa.
A funcionária que trabalhava em atendimento ao cliente afirmou que só descobriu que foi demitida quado entrou no computador da empresa e não conseguiu conectar. “Tinha gente em atendimento no chat na hora, e o computador da empresa foi bloqueado remotamente. Eles simplesmente bloquearam todos os acessos sem nenhum aviso prévio. Ficamos assustados achando que poderia ser um bug ou outra coisa, aí caiu a ficha de que fomos demitidos. Não teve conversa, não teve explicação prévia, nada”, comentou.
Os funcionários demitidos relataram que tiveram que devolver os notebooks da empresa e não receberam o pagamento completo pelos dias trabalhados, incluindo férias proporcionais. Planos de saúde também foram cortados no dia das demissões, contrariando práticas de mercado que normalmente estendem esses benefícios por alguns meses após o desligamento.
A Binance respondeu às acusações afirmando que os cortes fazem parte de um processo global de reestruturação. Um executivo da empresa explicou que os desligamentos têm ocorrido gradualmente ao longo do tempo, em vez de serem concentrados em um único dia. A empresa também contestou o número de 80 demissões relatado, alegando que muitos funcionários estão sendo realocados para outras áreas dentro da organização.