Após Elon Musk tornar a verificação de contas no X, antigo Twitter, acessível a todos, os golpes com criptomoedas na rede social ganharam uma nova faceta. O selo de verificação, um símbolo azul que aparece ao lado do nome de uma conta, antes era concedido apenas a contas de interesse público, como celebridades, políticos e jornalistas.
Porém, a decisão de Musk permite que qualquer pessoa pague para ter o selo. Desse modo, golpistas podem se passar por contas oficiais para aplicar golpes em usuários da rede social.
Golpes com criptomoedas
Em setembro deste ano, uma fraude na plataforma ofereceu US$ 25 milhões em tokens falsos da Grayscale, empresa de investimentos em cripto. Com uma conta usando o logotipo da empresa real e um selo de verificação azul, os golpistas fizeram um post dizendo que a empresa estava distribuindo tokens GBTC e pedia que usuários que visitassem um site para reivindicar os presentes.
Essa postagem era falsa e a conta oficial da Grayscale desmentiu a distribuição. “A conta @Grayscale_FND não é afiliada à Grayscale”, afirmou um porta-voz da empresa na época.
A CEO da Bembit, Raiane Ranucci, disse que “a introdução do Twitter Blue e a oportunidade de verificação para mais usuários podem, de fato, aumentar a incidência de golpes. Com isso, os golpistas podem aproveitar o selo para conferir credibilidade a esses perfis”, afirma Raiane.
A professora de contabilidade da ESEG — Faculdade do Grupo Etapa, Marina Prieto, disse que a introdução do Twitter Blue não está relacionada diretamente a atividades fraudulentas. “No entanto, a oportunidade de verificação de conta (solicitar o selo de conta verificada) pode ter impacto indireto”, ressaltou.
“Os golpistas podem tentar se passar por pessoas ou organizações verificadas para ganhar mais confiança dos usuários, tornando a verificação uma característica mais importante para identificar contas legítimas”, destacou Marina.
Diferença entre selos
Atualmente, o X possui diferentes tipos de selos de verificação e é necessário ficar atento nessas diferenças. Segundo o próprio site da rede social, existe o Selo Azul que representa os pagantes da assinatura premium da plataforma. Com esse serviço, que custa US$ 8 por mês ou US$ 84 por ano, os usuários receberão um selo de verificação na cor azul.
Já o selo dourado e uma foto quadrada no perfil indica que essa é uma conta oficial de empresas por meio das Organizações Verificadas do X. Para organizações ou autoridade governamental/multilateral existe o selo cinza. Essas contas são escolhidas de acordo com diversos critérios estabelecidos pela plataforma. Por último, existe o selo de afiliação que contém a foto do perfil de uma Organização Verificada e é aplicado a todas as afiliadas dessa organização. O site indica que essas “contas afiliadas podem ter selos dourados, cinzas ou azuis”.
Para Marina Prieto, “a existência de diferentes tipos de selos de verificação pode ajudar os usuários a diferenciarem entre contas verificadas de indivíduos públicos, organizações e empresas. Pode ajudar a evitar que os golpistas se passem por figuras públicas ou empresas conhecidas”, afirma a professora.
Proteção contra fraudes
Somente a proteção da plataforma não é o suficiente para não cair em golpes desses no X. A CEO da Bembit, Raiane Ranucci, afirma que é preciso sempre estar atento ao usar a rede social. Além disso, é preciso estar atento “a qualquer oferta de recompensa em troca de seus dados pessoais ou promessas de lucros extraordinariamente altos”.
Raiane ainda alerta para sobre links suspeitos e avisa que é preciso verificar cuidadosamente a URL do site antes de acessá-lo. A CEO da Bembit avisa sobre nunca compartilhar dados pessoais com ninguém ou qualquer empresa online.
“Para identificar golpes no X, é fundamental examinar as contas cuidadosamente. Verifique o perfil, a presença na plataforma, e observe o nível de engajamento”, destaca Raiane.
A professora de contabilidade da ESEG - Faculdade do Grupo Etapa, Marina Prieto, também fala sobre a análise cuidadosa dos perfis na rede social. Ela os perfis de golpistas tendem a ter “poucas informações pessoais, como fotos de perfil genéricas e descrições vagas” além de um engajamento suspeito.
Mas para Marina, essa segurança vai além, com a necessidade de uma educação para população sobre o tema e um trabalho da plataforma e dos usuários. Lembrando que a segurança online é um esforço conjunto entre os usuários e a plataforma, e educação e a conscientização desempenham um papel fundamental na prevenção de golpes.