NFTs além do blockchain: o que artistas pensam sobre a tecnologia?
No Brasil, setor cresce cada vez mais e país foi considerado segundo maior mercado do mundo em 2022
4 SET 2023 • POR Redação MyCryptoChannel • 09h02Os NFTs (token não fungível) são uma tecnologia que tem sido amplamente utilizada no mundo da arte digital. No Brasil, esse setor cresce cada vez mais e o país foi considerado o segundo maior mercado do mundo em 2022.
Apesar dos benefícios, essas artes também têm sido alvo de críticas desde seu surgimento. Esses ataques estão relacionados ao impacto ambiental e difícil acessibilidade das obras.
Nascimento dos NFTs
Essa tecnologia surgiu há quase dez anos, com o artista americano Kevin McCoy e o empreendedor Anil Dash. Durante uma exposição do Museu de Arte Contemporânea em Nova York, em 2014, eles apresentaram o que seria o primeiro NFT, com o propósito de permitir fontes de renda extra aos artistas.
A obra Quantum, de McCoy, revolucionou ao incluir um código criptografado de autenticidade por meio do blockchain. Porém, demorou um tempo para a tecnologia atingir os patamares atuais. Em 2017 o termo se popularizou e em 2021, a expressão foi escolhida como termo do ano pelo dicionário Collins.
Nos últimos anos, os NFTs chegaram à população quando famosos começaram a adquirir as artes. Justin Bieber, Neymar e Jay Z são nomes responsáveis por essa divulgação da tecnologia.
NFTs no Brasil
No Brasil, o país se mostrou um grande entusiasta dos NFTs. A consultoria Statista fez uma pesquisa em junho de 2022 que apontou o Brasil como o segundo maior mercado de NFTs no mundo, com 5 milhões de proprietários de artes. O país fica atrás apenas da Tailândia.
Segundo o relatório Brazil NFT Market Intelligence and Future Growth Dynamics Databook, da ResearchAndMarkets.com, o país pode apresentar um crescimento de quase 50% anualmente. Assim, em 2028, é esperado que o país gaste US$ 16,1 bilhões.
Além dos números, os NFTs têm se aproximado da população brasileira por meio de exposições. Em junho de 2023, o Pavilhão da Bienal recebeu o NFT.Brasil, primeira exposição internacional de NFTs de São Paulo. O evento reuniu mais de 150 artistas e expôs 500 obras digitais.
Outro lado da arte
Mesmo com todos esses dados, esse mercado não possui somente apoiadores. A própria população e a comunidade artística expressam opiniões contrárias aos NFTs. O roubo de artes que podem ser vendidas digitalmente, o impacto no meio ambiente e o difícil acesso a essas artes são questionamentos levantados sobre essa área.
Para o artista visual e arte-educador, João Possari, “os NFTs atendem melhor a um apelo mercadológico capitalista do que as demandas do mundo da arte”. Possari destaca que essa tecnologia não afeta diretamente o ato de fazer arte, mas a aglutinação de NFTs no mundo artístico, da mesma forma que aconteceu com outras tecnologias.
“A fotografia é um exemplo básico disso, é baseado pelo Walter Benjamin — A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica —, e vale ressaltar que os NFTs ao serem aglutinados podem ser usados como ferramenta ou como crítica ao meio”.
Por outro lado, com foco nas artes tidas como populares, como ilustrações e quadrinhas, o artista visual afirma que por se tratar de um meio de produção, ele pode ser afetado tanto positivamente quanto negativamente.
“O mundo virtual entra em conversa agora mais do que nunca com esses produtores, por um lado facilitando a venda desses ícones através do consumismo, mas os enfraquecendo como algo de fato simbólico”, destaca Possari.
Além disso, outro ponto importante nessa discussão. A regulamentação dos NFTs ainda é discutida e pode ser uma questão levantada sobre o mercado. No Brasil, em 2022, a Comissão de Valores Mobiliários, lançou orientações sobre criptoativos e os classificou como: criptomoedas, tokens de utilidade e tokens referenciados em ativos.
Sobre os NFTs, eles podem se enquadrar nas duas categorias que tratam sobre tokens. Possari destaca que é preciso uma melhor legislação sobre a relação das Inteligências Artificiais com NFTs.