A indústria de criptomoedas do Reino Unido está contestando as propostas dos reguladores locais para supervisionar stablecoins, moedas digitais atreladas a ativos estáveis como moedas fiduciárias.
Em novembro, o Banco da Inglaterra (BoE) e a Autoridade de Conduta Financeira (FCA) publicaram documentos de consulta sobre seus planos para regular stablecoins. As respostas da indústria revelam preocupações com a divergência entre as propostas dos reguladores, a restrição de ativos de reserva e a exclusão do Esquema de Compensação de Serviços Financeiros (FSCS).
A principal crítica se concentra na falta de alinhamento entre o BoE e a FCA. O BoE propõe que os emissores de stablecoins sistêmicas mantenham seus ativos de reserva em reservas do banco central, restringindo a capacidade de ganhar juros. Já a FCA permite que os emissores retenham receitas de juros e retornos sobre ativos de garantia.
Essa divergência pode criar problemas para empresas de stablecoin que crescem e se tornam sistêmicas, forçando-as a mudar completamente seus modelos de negócios, segundo Paul Worthington, da Innovate Finance. Su Carpenter, da Crypto UK, também critica a falta de harmonização e defende o benefício dos juros para os emissores.
Outra preocupação da indústria é a proposta de ambos os reguladores de limitar os ativos que podem lastrear stablecoins. A FCA sugere restringir a ativos de dívida do governo com vencimento de até um ano e depósitos em dinheiro de curto prazo.
O grupo de defesa The Payments Association pede mais flexibilidade, similar ao modelo de Singapura, que permite ativos "de alta liquidez e baixo risco", como caixa e equivalentes de caixa. A Digital Pound Foundation considera a abordagem do BoE de limitar os ativos a depósitos do banco central como "extremamente limitante".
A FCA também propôs não incluir stablecoins no FSCS, que protege os clientes até £85.000 em caso de falha da empresa. Carpenter questiona essa decisão, argumentando que, se as stablecoins forem regulamentadas, devem ser cobertas pelo FSCS.
“Com toda a honestidade, não concordamos com isso, e se as stablecoins vão cair dentro do perímetro regulamentado, então se – por exemplo – ocorrer fraude, então por que não deveria ser coberta pelo FSCS?” Carpenter argumenta.