Nos dois últimos anos, o setor automotivo vem enfrentando problemas no Brasil após a pandemia da Covid-19. Segundo dados levantados pelo portal Gente da Globo, o país terminou 2022 com 1,96 milhões de veículos emplacados, resultado bem semelhante ao dos anos anteriores. Porém, a tokenização dos contratos desses veículos ou até dos próprios automóveis podem se tornar uma saída para esse cenário pessimista.
Web3 como alternativa
O setor automotivo brasileiro ainda sofre com respingos da pandemia e as vendas dos carros seguem caindo. Em maio de 2023, a pesquisa do Gente mostrou alguns desafios do mercado, como 55% dos entrevistados da Geração Z que acreditam que não é necessário possuir veículo.
Mesmo com esse contexto, o texto mostra que 2023 pode ser um ano mais estável para a produção de veículos. Além disso, de acordo com um levantamento da TGI BR, 79% das pessoas que assinaram um carro no Brasil buscam acompanhar os avanços tecnológicos e 69% gostam de marcas inovadoras.
Apesar de vários desenvolvimentos, como carros elétricos, a inserção dos veículos no universo do Web3 pode ser um passo importante para o setor. Nesse sentido, os automóveis podem ser inseridos de duas formas, através dos contratos de financiamento de veículos e a tokenização dos próprios veículos.
Contratos de financiamento
Os contratos de financiamento de carros no blockchain são um novo modelo que utiliza a tecnologia blockchain para registrar e gerenciar os contratos de financiamento. Dessa forma, a blockchain serviria como um sistema de registro distribuído que é seguro, transparente e eficiente.
O CEO da BLOCKBR Digital Assets, Cássio Krupinsk, explica que esse “processo seria basicamente o registro de um contrato de financiamento de um veículo”. Para ele, essa mudança “amplia a virtualização das relações com maior segurança e menos burocracia na oferta de produtos financeiros e cria novas formas de fazer negócios, privilegiando sobretudo a inclusão financeira, e claro, facilitando a vida de muitas pessoas e das instituições”.
Krupinsk fala que de um lado, o banco disponibiliza a oferta de crédito e do outro, o comprador adquire o token, dando o start para o processo de liberação de determinado banco dono do ativo.
“Tudo acontece via blockchain, gerando uma adesão digital e controle total de processos entre as partes. Trata-se do uso da mais alta tecnologia para promover facilidade e capilaridade à operação e escalar a oferta de financiamento para compra de veículos”, destacou.
O blockchain também pode ser usada para automatizar o processo de financiamento. Isso significa que os pagamentos podem ser feitos de forma automática e que as informações sobre o contrato podem ser atualizadas em tempo real.
Krupinsk ressaltou que essa automatização ajudaria a evitar atrasos, simplificando a gestão financeira. O CEO da BLOCKBR Digital Assets ainda destaca outras vantagens desse processo, como maior segurança.
“Amplia a virtualização das relações com maior segurança e menos burocracia na oferta de produtos financeiros e cria novas formas de fazer negócios, privilegiando sobretudo a inclusão financeira, e claro, facilitando a vida de muitas pessoas e das instituições”, afirmou.
Mas o executivo ressalta que apesar de todas as vantagens, esse processo ainda pode demorar para acontecer no país. Além disso, Krupinsk fala que a tokenização pode não atingir todo potencial.
“A demora na adoção do blockchain por todo o Sistema Nacional de Trânsito (SNT), assim como todos os departamentos deste mesmo sistema nacional, poderá fazer com que a tokenização atinja apenas 20% do seu potencial, como a tokenização de contratos de financiamentos, por exemplo, apenas”, relembrou.
Tokenização dos veículos
Com a adoção da blockchain nesses processos, o CEO da BLOCKBR Digital Assets diz que mais tarde o próprio token disponibilizado na negociação poderá ser utilizado no mercado secundário, representando a venda de um veículo já com todas as condições pré-definidas como débitos e informações atualizadas sobre o veículo.
A Estrategista em Blockchain, Tatiana Revoredo, explica que “um token, portanto, pode literalmente representar tudo: a participação numa empresa, o direito de usar um serviço, a propriedade de um veiculo”. Dessa forma, “já é possivel que todo o processo da compra e venda de um carro seja feita em uma plataforma Blockchain”.
“Uma vez que o veículo está representado como um token na Blockchain, toda a transferência de propriedade seria registrada numa Blockchain, cujo registro é imutável - se feito em uma Blockchain publica como Bitcoin e Tezos”, explicou.
Para Tatiana, a tokenização dos veículos pode trazer “rapidez, menores custos, maior confiabilidade e maior transparência do negócio para as partes”. Além disso, “elimina burocracia e intermediários substituídos pela automação, elimina corrupção e fraude do processo”.